O que é Inovação? 3 premissas para que ela aconteça

Uma solução pode ser entendida como inovadora de diversas maneiras, dependendo de visão de mundo, experiência e contexto de cada pessoa. Em muitos casos, pessoas e organizações afirmam ser donas de soluções e, até mesmo, de ideias inovadoras antes mesmo de colocá-las no mercado.

Um caso que nos permite refletir sobre o tema é o do Segway, veículo de transporte pessoal que funciona a partir do equilíbrio do seu condutor.

Lançado em 2001, suas vendas nunca chegaram perto do esperado e o Segway se tornou um produto de nicho, utilizado principalmente por seguranças em locais fechados, como shoppings e estacionamentos de grandes eventos.

Antes mesmo do seu lançamento, o produto chegou a ser criticado por Steve Jobs, tanto pelo seu tamanho quanto pela sua estética, que tornavam o produto de difícil manuseio e pouco atraente para as pessoas, motivos pelo qual muitas pessoas atribuem o seu fracasso.

Outro caso de grande destaque que não se firmou no mercado foi o Google Glass, óculos inteligente criado pela empresa do Vale do Silício. Segundo sua equipe, a versão lançada na primavera de 2013 era um protótipo que, provavelmente, ainda deveria ser refinado. Fato é, que, assim como o Segway, a solução não se encaixou na vida das pessoas.

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O Google Glass apresentou uma série de barreiras e pouca utilidade (serviço) para seus usuários, com destaque para questões ligadas à invasão de privacidade, bateria com pouco tempo de duração e funcionalidades com pouca aplicação no dia a dia.

Podemos considerar o Segway ou o Google Glass uma inovação? Que premissas uma solução deve atender para ser considerada inovadora? Na Livework, entendemos que não se “lança” uma solução inovadora, pois ela acontece quando as pessoas interagem com a mesma e essa interação reflete no resultado da sua companhia.

Ou seja, para que uma solução seja considerada uma inovação é necessário que a mesma esteja no mercado e corresponda à expectativa do negócio e atenda às necessidades das pessoas.

Seguindo esse ponto de vista, entendemos que para que uma inovação aconteça é preciso que três premissas sejam atendidas:

#1 INOVAÇÃO É FAZER DIFERENTE

Em sua origem etimológica a palavra Inovação, do latim, Innovare, significa “renovar, mudar”, de IN-, “em”, mais NOVUS, “novo, recente”. Para que consideremos algo uma inovação, é preciso que a solução descontinue ou rompa com o que já existe.

A solução deve propor um novo arranjo às alternativas já existentes considerando o desenvolvimento de algo novo ou até mesmo uma nova perspectiva do que já existe.

O AirBnb é um exemplo claro de uma organização que endereçou ao mercado uma solução inovadora. A prática de aluguel de imóveis para o fim de semana e férias já era comum em muitas regiões do Brasil (e do Mundo). Ao utilizar uma tecnologia com mais alcance e criar uma plataforma, a organização redefiniu as relações entre locadores e locatários, ou anfitriões e hóspedes, como eles descrevem, propondo uma nova solução para uma demanda já existente.

Ao reimaginar a relação entre as pessoas que realizam esse tipo de transação e eliminar algumas barreiras para que a confiança se estabeleça entre as partes o AirBnb entrou de vez em um mercado extremamente tradicional e hoje disputa a preferência das pessoas com as grandes redes hoteleiras sem precisar possuir um único quarto.


#2 INOVAÇÃO É VALOR PERCEBIDO

Premissa chave e muitas vezes ignorada pelas organizações: uma solução é inovadora quando é cocriada com alguém que a recebe e atribui valor à mesma. Ou seja, é preciso que os dois lados, organização e cliente, tenham uma percepção positiva do relacionamento que se estabelece. Diante dessa perspectiva, uma solução não pode ser anunciada como inovadora no momento de seu lançamento mas somente após a relação com os consumidores tiver acontecido.

Diferente da primeira premissa, esta não pode ser controlada por nenhuma organização. O melhor modo para ampliar o potencial inovador de uma solução é envolvendo as pessoas durante o seu processo de desenvolvimento, seja ouvindo-as para entender suas necessidades e expectativas ou trazendo-as para participar do processo de criação da nova solução e de ciclos de testes com protótipos. Apenas desse modo você poderá realmente entender se a sua solução está caminhando para um lugar de valor enquanto a desenvolve.

3# INOVAÇÃO É RESULTADO

Consequência das premissas anteriores, pode ser aplicada a todos os contextos: iniciativa privada, serviços públicos, ONGs, etc. Resultado tem a ver com o aumento ou diminuição de diferentes índices de acordo com os interesses e expectativas iniciais.

Quando aplicada ao mundo dos negócios, pode significar aumento da receita, entrada em um novo mercado, aumento da participação em mercado atual, incremento do lucro e/ou elevação da margem em alguma intensidade.

Para o caso de serviços públicos, pode significar questões como aumento da satisfação da população, diminuição de gastos e/ou diminuição de índices como os de violência e de analfabetismo. Já para as ONGs, pode significar questões como aumento no engajamento de voluntários, valor médio de doações, diminuição do trabalho infantil e/ou aumento de áreas verdes.

Para que uma solução atenda aos pontos citados acima é importante que seja percebida pelas pessoas como algo relevante e, por que não, incrível. Desse modo conseguimos satisfazer os clientes e gerar resultados para os envolvidos.

Como nos casos do Segway e do Google, muitas organizações mantém seu foco na premissa #1, o que não deixa de fazer sentido, pois está alinhada à origem da palavra. Porém, em tempos de grande competitividade e diversidade de soluções, não basta apenas ser nova, a solução deve ser percebida como valiosa pelos consumidores e trazer resultados positivos para o negócio. Parece trivial, mas não é o que se vê nas organizações.

Com isso, podemos considerar que uma solução em desenvolvimento ou que está entrando no mercado é uma inovação em potencial, ou seja, ainda não é de fato uma inovação apesar de possivelmente possuir chances de se tornar uma.

Fonte: Livework Brasil