Métodos ágeis para Marketing, RH, Gestão e Finanças?

Dia desses eu dei de cara com um estudo da CA Technologies sobre transformação ágil, rodado no final de 2017 com 1.170 executivos C-level de 21 países (incluindo 76 brazucas) e os resultados me surpreenderam.

Surpreenderam de um lado, porque de outro apenas confirmaram um lance que eu já tenho observado pelo menos nos últimos 5 anos, no meu dia a dia mesmo.

Apenas 6% consideram que a transformação rolou legal para o crescimento dos negócios.

12% dizem que não tem nenhuma iniciativa no sentido de criar uma cultura ágil

Pois é galera, é o que eu sempre digo, você pode inventar o livro, o pitch, a palestra, o desenho, a lista de “7 passos infalíveis”, a certificação, e o caramba a quatro que você quiser, mas sem a consolidação de uma boa base de valores e princípios que ajudem os indivíduos a entenderem porque essa parada é importante, você vai fracassar, vai por mim.

Primeiro porque existe uma lenda de que ágil é só pra desenvolvimento de software e portanto só funciona em empresas e equipes de tecnologia.

Bobagem, das grandes.

Segundo porque a galera esquece que ágil é um adjetivo, e não um substantivo.

Ágil não é uma coisa.

Ágil é uma qualidade.

E qualidades não se compram em prateleiras, concorda?

Qualidades são desenvolvidas por indivíduos, à partir do incentivo aos hábitos certos, e é aqui que faço o meu ponto.

Recebi tantas perguntas de profissionais interessados em se reinventarem, e que identificaram — corretamente — que o fato de se tornarem ágeis pode significar a retomada do protagonismo e da gestão total de suas carreiras, que resolvi compartilhar com vocês minha visão sobre como isso é possível… possível e necessário, quer ver?

Times de RH, Marketing e Finanças por exemplo.

Imagina se eles fossem capazes de estreitar os laços das equipes “entre silos”, em prol de uma jornada com resultados mais encantadores pros clientes finais, sejam internos ou externos?

Imagina se essas mesmas equipes fossem curiosas pra saber o que é valor percebido pra esses clientes, e imprimissem um dinamismo nos trabalhos operacionais de maneira que processos, ferramentas e comportamentos fossem frequentemente desafiados a melhorarem, por iniciativa dos próprios indivíduos e não necessariamente pelo comando da liderança?

Veja, não se trata de rebeldia, mas sim de inovação pra todos, que permeie toda a organização e não fique somente nos times “da galera barbuda de bermuda”!

Quando a gente constrói uma organização desse tipo, a vontade de melhorar faz com que produtos e serviços nunca sejam considerados prontos, afinal a melhor versão sempre pode ser a próxima!

Gente, quem não quer trabalhar num ambiente assim? Fala a verdade.

Entrando mais especificamente nos escopos de atuação, quando RH decide trabalhar desse jeito, isso resulta em funcionários da empresa toda mais satisfeitos e felizes com as jornadas de serviços oferecidas pela área, sem falar no aumento imenso da capacidade de atração e retenção de talentos que a empresa passa a ter.

E Marketing então?

Imagina diminuir drasticamente o intervalo de tempo entre o planejamento e a execução dos planos de produtos e serviços, sempre prestando atenção aos feedbacks do mercado, e ainda por cima sendo capazes de corrigir rapidamente o curso quando necessário?

Não deixe de ler esse artigo completo sobre Agile Marketing

Pra finanças, isso pode significar a possibilidade de trocar tempo operacional — fala pra mim, demora ou não demora atualizar números, gerar relatórios, dashboards, comentários de resultados, fazer ajustes de pagamentos, provisões — por tempo analítico, levando à decisões aceleradas por exemplo em relação a aplicação de recursos.

Isso sem falar na possibilidade de busca por inovação pra processos críticos como auditorias e rastreamento de fraudes financeiras, só pra citar alguns.

Finalmente, o filé do estudo: nas empresas que se consideraram bem-sucedidas na transição para uma cultura de agilidade, as que efetivamente se reinventaram digitalmente sobre os trilhos do agile manifesto, o incremento médio da receita bruta atribuído à essa decisão foi de espantosos 37% na média mundial, e esse número sobe pra 50% no Brasil!

Longa história curta, tem RH, Marketing e Finanças ágeis sim.

E nesse mundo em plena 4a. Revolução Industrial, onde as empresas se reinventam digitalmente, não adota uma cultura de agilidade pra você ver onde sua companhia — e sua carreira — vão parar…

Rodrigo Giaffredo
Professor do curso Inteligência Relacional
Agile Transformation
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