Future Thinking: porque você deveria se interessar?

Rodrigo Giaffredo
Professor do Ferramentas Ágeis: Acelerando a Transformação Digital
Agile Transformation Leader | IBM
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Hoje eu tive uma conversa “inusitadamente” inspiradora com o design Claudio Yamaguchi, e em algum momento ele me fez lembrar a importância de se pensar o futuro de forma sistêmica.

Ahan, isso mesmo. Nada de “achismo”, chute, premonição, nada disso.

Eu to falando de uma quase metodologia de observação que te ajude a perceber o que vem por aí.

“E por que a gente deveria se interessar por isso Giaffredo?” – você deve estar se perguntando nesse exato momento…

Vou te dar meus três motivos, daí você discerne e vê se faz sentido pra ti também.

Primeiro, porque sem visibilidade ou pelo menos ideia do futuro que se forma num passo cada vez mais acelerado, a gente corre o sério risco de não conseguir se encaixar direitinho nesse novo mundo.

Não se encaixar no sentido de aderir passivamente a ele, mas sim no sentido de permanecer relevante, entende?

Segundo, porque quando a gente percebe a onda que está se formando, a gente tem condições de surfar ela mais na moral.

Tirando literalmente proveito do que ela tem de melhor, justamente por sabermos de alguma forma que ela viria.

Na pegada de preparação mesmo (aliás, reparou que dá pra quebrar a palavra preparação em pré-para-ação?

Percebi agora, nem é a raiz etimológica da palavra, mas dá uma boa pista de significado pra gente entender pra que ela serve né?).

Terceiro, porque quando eu percebo o que está por vir, eu consigo influenciar na construção daquele novo cenário.

E aqui eu faço uma confissão: sou obcecado por escrever minha própria história, e desenhar meu próprio destino.

E nesse caso me dedicar a uma análise mais pragmática do que será o futuro pode me colocar em vantagem, de verdade.

E olha só, não é um lance que se aplica somente ao mundo dos negócios não tá?

Do jeito que eu vou te apresentar aqui, de repente o rolê vale muito mesmo pra paradas pessoais também, dá um ligo.

1- Abre um pouco mais seu campo de visão: começa a colher informações sem muito julgamento – conceitos novos, palavras chiques da moda.

Empresas que se reinventam ou fazem paradas novíssimas.

Lugares desconhecidos e suas peculiaridades, pessoas diferentes de você que te fazem ficar inspirado.

E tenta desenhar um mapa gigante de conjecturas incomuns, suas mesmo.

Tipo criar a sua visão sobre esse novo mundo, ainda sem pesquisar as opiniões das outras pessoas sobre toda essa informação nova.

2- Traça uma linha: daí você pega todo essa mapão e começa a olhar pra ele com outros olhos, mais analíticos um pouco.

Vê se você encontra padrões sutis, contradições, super-novidades.

Inflexões, disrupção potencial, enfim, tenta co-relacionar dados e fatos e exercita como e por que um afeta o outro.

3- Dá um passo pra trás: rabiscou o mapão, dá um passo pra trás, literalmente, e escolhe qual linha te chamou mais atenção.

Seja porque despertou tua curiosidade, seja por que te parece ser a linha mais forte.

Mais provável, aquela em que vale a pena dar um mergulho mais fundo.

Nessa hora, é bem legal fazer perguntas numa pegada “advogado do diabo” antes de aceitar a tal linha como a “verdade futura a ser investigada”.

Anti-intuição, contradição, contra-argumentação, às vezes são boas ferramentas pra tirar a gente daquele cenário de paixão que de repente pode enviesar o estudo neutro que a gente quer fazer.

4- Pense no momento: sim, futuro tem hora – por mais ridículo que possa parecer esse conceito.

Não se trata apenas de identificação de tendências, a gente quer saber o que vai sacudir a parada toda de verdade.

Tenta imaginar como fatores externos e incontroláveis poderiam afetar sua suposição.

E se mudar o governo? E se rolar uma catástrofe natural?

Será que sua tese continua de pé?

Com que velocidade os fatores que me levaram a construir meu pensamento se modificam ao longo do tempo?

Tudo isso tem que ser ponderado no seu “diagnóstico”.

5- Redesenhe teu mapão: hora de criar cenários que adicionem os ponderadores que você identificou quando pensou no momento.

Basicamente a gente se depara com 3 formatos distintos, dependendo dos fatores que a gente selecionar.

Tem aqueles mais prováveis, onde nenhum super avanço ou nenhum acidente natural aconteça, tipo, só o tempo passando mesmo.

Tem aqueles mais plausíveis, que já incluem as mudanças mais fortes (e olha só, nos nossos dias, o lance da velocidade das mudanças realmente tem que ser ponderado).

Seja na natureza, na vida cotidiana, coisas imponderáveis mesmo.

E finalmente, os possíveis, que literalmente consideram que nada do que vemos hoje é certeza no futuro.

Aqueles em que tudo pode mudar drasticamente, inclusive a gente mesmo.

6- Vai pra cima: hora de criar um plano pra conviver nos 3 cenários que você desenhou anteriormente.

Detalhado o suficiente pra te dar elementos de convívio e reação a qualquer um deles, seja em nível pessoal.

Seja na visão de negócios.

Olha pros planos e tenta encontrar neles o quanto de confiança eles passam.

Que valor eles entregam, quão mensuráveis eles são.

Pra você poder pivotar se for o caso, quão urgentes eles se parecem quando apresentados.

Que recursos você precisa desde já pra poder encarar “os futuros” que desenhou.

E o quão sustentável seu plano é conforme os fatos previstos vão se confirmando.

Pensou que era fácil né? Claro que não poxa, senão não seria vida real.

Mas que é gostoso de exercitar, e que vale a pena só pela brincadeira, isso não dá pra negar.

E olha só, não tenho a pretensão de ser o monstrão da futurologia não hein galera, não é nada disso.

Mas tenho sim a intenção de repente de te dar um pouco mais de controle sobre seu desenvolvimento.

Inspirar suas decisões pra um lado mais individual – isso mesmo.

Não tem nada de errado a gente pensar na gente mesmo de vez em quando.

E em último caso até te despertar pra essa paixão quente de escrever a própria história.

Sem delegar a caneta pra quem quer que seja.

E aí, posso? Deixe seu comentário abaixo!