Vale a pena ser um “Polímata”?

Ser multitarefa é vantagem atualmente neste mundo dominado pela tecnologia, ansiedade e busca pelo sucesso?

Há controvérsias.

Ser multitarefa tem a ver com Polimatia, que é a capacidade que algumas pessoas têm de alcançar excelência em múltiplas — e distintas — áreas do conhecimento. Para Michael Araki, professor de Empreendedorismo e Gestão na Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador na PUC-RJ, a Polimatia depende da ocorrência de três fatores: abrangência, profundidade e integração.

“A abrangência e a profundidade são bastante consensuais entre os pesquisadores da área e significam que o Polímata não pode ser alguém restrito a uma única área, tampouco pode ser um diletante, alguém que persegue múltiplos interesses de forma superficial.” Já o fator integração, segundo Araki, envolve a capacidade de gerar conexões novas e úteis.

O Polímata mais famoso da história é Leonardo da Vinci (pintor, escultor, arquiteto, físico, filósofo, geólogo etc). Embora seja quase um chavão citá-lo, aqui a referência tem o sentido contrário: não é necessário pintar uma Monalisa ou ser um gênio para ser um Polímata.

Mas também não é tão simples assim. Araki afirma que a Polimatia é algo que pode ser atingido, em teoria, por boa parte das pessoas, a questão é que além de motivação e persistência, é preciso haver o desenvolvimento de diversas habilidades cognitivas, em especial, em relação à velocidade de adquirir, consolidar e saber integrar novos conhecimentos. “Como os pressupostos são muito difíceis, é natural que muitas pessoas não cheguem a se desenvolver a ponto de serem consideradas Polímatas”, diz o professor.

Segundo Anna Flávia Ribeiro, pesquisadora da Associação Polímata, até recentemente, tanto na esfera profissional como na mercadológica, o modelo de valorização que imperava era a ultra especialização. “Quanto mais mergulhado em um campo específico mais requisitado era o profissional. Mas hoje, o funcionamento é outro. Vivemos em um mundo VUCA, no qual a capacidade de recombinação é a resposta para os problemas”, afirma ela.

Araki conta que tanto a Polimatia sendo um fim em si mesma quanto algo buscado para alavancar a flexibilidade, ela tem como ponto central a criatividade: “O caminho para a geração de ideias originais e úteis passa pela capacidade de combinar elementos díspares. Se alguém tem uma vasta e variada gama de conhecimentos, é esperado que consiga gerar mais ideias surpreendentes do que quem viveu sua vida toda em um único campo de conhecimento.”

E aí? Vale a pena ser um “Polímata”?

Os especialistas dizem que há risco de superficialidade de conhecimento por pessoas que tentam a excelência em variadas áreas a fim de se tornarem Polímatas. Muitos acreditam que os Polímatas sabem sobre muitas coisas mas, ainda assim, falta profundidade. Ou que, diferentemente do passado, o mundo atual precisa de especialistas.

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Fonte: Harvard Business Review, Draft e Pop Matters