Como criar sua “EMU” para o futuro do trabalho?

EMU, é a clássica roupa de astronauta (Unidade Móvel Extraveicular, em tradução livre) e é usada quando é preciso sair da nave ou da Estação Espacial a fim de explorar uma superfície ou realizar consertos externos em sondas espaciais ou na própria nave.

Para se permanecer relevante para o futuro do trabalho é preciso também “vestir” a sua própria EMU para explorar novas superfícies. Sabia?

O jornal Herald Sun recentemente publicou um artigo intitulado “These Are The Skills Experts Say Will Be The Most Valuable In 2020 And Beyond” sobre um novo relatório global da PricewaterhouseCoopers (PwC), que teve co-autoria de Jon Williams.

Ao discutir o relatório – que se chama Workforce Of The Future: The Competing Forces Shaping 2030 –, ele oferece conselhos para quem quer se manter relevante no futuro e começar a criar desde já sua EMU.

E há um novo pensamento surgindo dentro de nosso futuro e tem a ver com o que nos aguarda também no mercado de trabalho do futuro.

O primeiro item da lista: “Foque nas coisas em que humanos são bons e as máquinas não são – como criatividade, inovação, empatia e intuição.

Você não pode configurar um robô para ser humano, então essas habilidades serão uma commodity num mundo cada vez mais automatizado”.

Se há certo temor que os robôs estão vindo para tomar nossos empregos, o pensamento que surge é outro: há cada vez mais percepções em torno de novas oportunidades com a vinda deles em torno das soft skills e da criatividade relacionadas a ela de volta aos holofotes.

Um artigo recente do jornal The New York Times, intitulado “How to Prepare for an Automated Future” reforça essa tese que conforme avançamos rumo a esse futuro automatizado, as escolas precisam “ensinar traços que as máquinas não podem replicar facilmente, como criatividade, pensamento crítico, inteligência emocional, adaptabilidade e colaboração”.

As habilidades mais importantes para o futuro do trabalho

Um outro artigo, do MIT Technology Review, apresentou um mapa interessante que você pode seguir para abordar esse desafio. O autor compartilha insights extraídos de um estudo recente feito pela Nesta e pela University of Oxford (The Future Of Uk Skills: Employment In 2030) e quais são as 5 habilidades apontadas como desejáveis no futuro:

  • Julgamento e tomada de decisão: considerar os custos relativos e os benefícios das ações em potencial para escolher a mais apropriada.
  • Fluência de ideias: criar diversas ideias sobre um dado tópico (o número de ideias é importante, não apenas sua qualidade ou criatividade)
  • Aprendizado ativo: selecionar e usar métodos e procedimentos de treinamento e/ou instrução apropriados para a situação quando estiver aprendendo ou ensinando algo novo
  • Estratégias de aprendizado: entender a implicação de novas informações tanto para resolver problemas quanto tomar decisões
  • Originalidade: ter alguma ideia inusitada ou inteligente sobre um tópico ou situação, ou desenvolver maneiras criativas de solucionar um problema

 

Soft skills e salários mais altos

No artigo, intitulado “Automation and the Growing Importance of Social Skills in the Labor Market”, escrito por David Deming, da Harvard Kennedy School e Harvard Graduate School of Education é reforçada essa tese que “trabalhos que pagam bem cada vez mais exigem habilidades que são difíceis de automatizar, como aquelas que envolvem interações interpessoais significativas”.

Ele cita pesquisas que mostram que “empregos que exigem habilidades sociais têm experimentado uma forte empregabilidade relativa e crescimento de salários”, e conclui com o seguinte:

“Ao longo das últimas três décadas, trabalhos que combinam habilidades sociais e matemáticas têm vivido grande crescimento salarial. E também têm crescido como parte de todos os empregos nos EUA. Para contrastar, muitas ocupações que exigem altas habilidades matemáticas mas poucas habilidades sociais têm tido uma performance ruim. Há uma demanda crescente por trabalhadores que são flexíveis e adaptáveis e que sã habilidosos para trabalhar em equipe. Todas essas habilidades ainda são difíceis de automatizar.”

E como desenvolver essas habilidades?

Se você se preocupa com o impacto da automação na sua carreira, aproveitar exercícios simples para ajudá-lo a desenvolver sua musculatura criativa pode ser uma estratégia recompensadora. Você vai se tornar um pensador mais fluente e original – e, consequentemente, estar em maior demanda.

Além disso, das habilidades citadas acima, foque no pensamento fluente, algo chamado de “fluência de ideias originais”. Essa é uma habilidade vital que pode ser praticada – e algo em que você com certeza vai melhorar através da prática.

Design Sprint, Design Thinking, Ideation Thinking, são 3 possibilidades para desenvolver essa habilidade.

Sobre as habilidades sociais, a inteligência relacional é imprescindível. A capacidade de “orquestar” equipes, ser influente positivamente no ambiente corporativo e saber “evangelizar” as pessoas em torno de suas ideias, será para poucos.

A prática é o que pode te lapidar  

Independente qual for a sua área ou habilidade que irá escolher para desenvolver, uma dica dos especialistas é: não fique completamente satisfeito não na primeira versão de um projeto ou uma tarefa, force-se a fazer quatro outras e escolha a melhor.

O futuro irá provar que a prática é o caminho para que você crie “musculatura” em torno do que você gosta de fazer. Sejam tarefas simples ou sofisticadas.

O objetivo é fazer com que múltiplas ideias sobre um dado assunto surjam de maneira natural.

E em um determinado momento você irá faz isso sem pensar, porque construiu a memória muscular intelectual e criativa necessária para fazê-lo no piloto automático.